borboleta

a borboleta que repousa eternamente

o sono eterno em sua insossa pupa

me arrisco ao acometer-lhe a culpa

pois sei que nunca viveu livremente

ao tentar desabrigar-se de si mesma

apenas consegue encaixar-se cada vez mais

e a realidade há tempos não a satisfaz

como deseja ser uma pequena lesma!

mesmo que fosse lenta, desabrocharia

agora é tardia, mas não é liberta

talvez simplesmente não seja a certa

e não mereça palpar a luz do dia

ou talvez apenas não queira

porque não sente-se bem sendo borboleta

preferiria ser uma rosa ou até violeta

esconde-se no casulo por não ser verdadeira

prefere viver na verdade obsoleta

do que vir a ser aquela antiga espoleta