Ao amor profundo e fremente
A mão do destino
esquelética e redentora
rasga o peito, a carne morta
e badala nova vez o velho sino
Com as unhas sujas
aperta o coração pungente
quase o faz parar, morte silente
no âmago das esperanças mortas
Inevitável introspecção
transviada pelo sopro do vento
mantida ao alvedrio do tempo
conduzida pela lágrima em vão
Sedado pelas crespas dores
vegetando em tempos de glória
amargando o som das rapsódias
corrompido pelo aroma de flores
Eis a vereda escarpada
a morte sedenta e escancarada
o olho da besta enjaulada
o grito da vida dizimada
Sublime é o pranto
a redenção do pecado
sofrimento eternizado
no abismo do rosto
Meus olhos tão vagos
no ardor do teu ensejo
permito-os e deixo
caírem dominados
Ao amor profundo e fremente
eis a derrocada fatal