Pobres meninos perdidos


Somos eternos meninas e meninos perdidos,
como os das histórias de Gancho e Peter Pan,
crianças que hoje senis, caquéticos, sexagenários,
não vimos o tempo passar, a desafiar adversários
que nos comprovem que a esperança não foi vã,
à espera do retorno de Wendy ou de um amigo.

Nos bolsos, ainda portamos mamonas e estilingues,
nas aljavas os arcos e as flechas, todas sem ponta,
rostos sempre pintados, prontos para a guerra,
sem atentarmos que o tempo que ora se encerra
agora é de paz, é o que importa, nada mais conta,
não mais haverá a batalha que agora se extingue...

Por toda a vida escondemo-nos atrás de preconceitos,
ódios, mentiras, invejas e tantas outras dissimulações,
sem atentar que o tempo esvai... Rufem os tambores,
toquem os sinos de partida, embarquem todos amores ,
não se esqueçam de proteger e resguardar as emoções,
guardem-nas consigo, protegidas bem junto aos peitos.

Na Baia das Sereias, o Barco dos Sonhos está prestes
a partir, velas enfunadas pelo pó mágico de Sininho,
repleto de devaneios em busca de nossos destinos;
breve estaremos todos acolhidos, meninas e meninos,
nos braços de Wendy que nos acolherá com carinho
para desfrutarmos a felicidade pelo tempo que nos reste.
LHMignone
Enviado por LHMignone em 08/08/2017
Reeditado em 12/04/2018
Código do texto: T6077614
Classificação de conteúdo: seguro