* Recíprocas sensações, e o medo... *

"...De que vale a caneta bico de pena,

Se não a pena que sente,

Da tristeza aparente,

Do pobre escritor?

De que vale o pranto chorado,

Se não for lamentado,

Muito menos derramado,

Pelo pobre escritor?

De que vale o papiro ou o papel?

As horas perdidas olhando no dedo, o anel,

Fitar pela janela a chuva que cai do céu?

Momentos esses, do pobre escritor.

De que vale o livro de cabeceira,

Madrugadas a dentro parado na soleira,

O dedo batendo na madeira,

Perdido sem eira nem beira,

Diga-me, pobre escritor ?!

De que valem noites adentro,

Copo de whisky na mesinha de centro,

Aquele vazio que fica por dentro,

Sentindo o corpo em epicentro?

Pergunto eu! Pobre escritor.

De que me valem todas essas perguntas,

Se navego por este mesmo mar que te afundas,

Sentindo na pele as mesmas cicatrizes profundas,

E o medo insano,

De que um dia Deus mude seus planos,

E na calada de nossos sonos,

Por pecado cometido,

Tire de nós, todos os sonhos,

De ter nas mãos,

O dom divino da criação,

Arrancando de nós a inspiração,

Perdendo-se então,

Em toda imensa vastidão...

A obra divina,

Do escrever!..."

Agridoce P
Enviado por Agridoce P em 09/08/2017
Código do texto: T6078897
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