Soneto 05
Posto o dia sobre a mesa, passo a retalhá-lo
em pequenos pedaços de vício e monotonia.
Entrego meu tempo nas mãos duma harpia,
minha vida então toma forma de espantalho.
Nada de bom se vê? Existe algum remédio?
A idéia da esperança é bela mas morre cedo,
a regra é ser bom pasto onde cresce o tédio,
aprender novas formas de mentira e medo.
Minha alma morta não busca compreensão,
segue sozinha por esse caminho de loucura.
Enquanto queima o cigarro em minha mão,
O passar do tempo mantém sua estrutura.
Uma taça de vinho abençoa a minha solidão,
deglutindo a embriaguez, encontro a cura.