Soneto 05

Posto o dia sobre a mesa, passo a retalhá-lo

em pequenos pedaços de vício e monotonia.

Entrego meu tempo nas mãos duma harpia,

minha vida então toma forma de espantalho.

Nada de bom se vê? Existe algum remédio?

A idéia da esperança é bela mas morre cedo,

a regra é ser bom pasto onde cresce o tédio,

aprender novas formas de mentira e medo.

Minha alma morta não busca compreensão,

segue sozinha por esse caminho de loucura.

Enquanto queima o cigarro em minha mão,

O passar do tempo mantém sua estrutura.

Uma taça de vinho abençoa a minha solidão,

deglutindo a embriaguez, encontro a cura.

Jorge Ferreira
Enviado por Jorge Ferreira em 18/10/2005
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