PORNOGRAFIA ELEMENTAR
Depois de um dia desses, morre um e outro.
De fome ou parasita, ou ainda de esquecimento.
O trágico do dia, constantemente, reside na rua,
deselegante como um tropeço ou um tiro sem destino.
O refluxo em dias assim tem gosto de derrota,
marcada no DNA em forma de certidão de nascimento.
E depois de instantes de iluminação morre o poeta,
esse chato que queria transcender o dia.
Sobra a pura, imaculada, pornografia.
A ejaculação de impossibilidades na barriga vazia.
A preguiça frustrante dos objetivos do dia e as contas,
descritas nas parede velhas como projetos de vida.