PORNOGRAFIA ELEMENTAR

Depois de um dia desses, morre um e outro.

De fome ou parasita, ou ainda de esquecimento.

O trágico do dia, constantemente, reside na rua,

deselegante como um tropeço ou um tiro sem destino.

O refluxo em dias assim tem gosto de derrota,

marcada no DNA em forma de certidão de nascimento.

E depois de instantes de iluminação morre o poeta,

esse chato que queria transcender o dia.

Sobra a pura, imaculada, pornografia.

A ejaculação de impossibilidades na barriga vazia.

A preguiça frustrante dos objetivos do dia e as contas,

descritas nas parede velhas como projetos de vida.

EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 11/08/2017
Reeditado em 11/08/2017
Código do texto: T6080827
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.