luminiscência tempo

tranço as tardes com

a mesma calma que

aqueles homens

dizem homenagens

ao santo burguês: tempo,

que se foi, dizem até que

fugiu, que evadiu pelas

pontas dos dedos em

uma serpente verde caolha

à destilar veneno e vapor

e recitar William Blake

com a mesma voz embargada

e soluço gemido que anjos

aprovariam. e talvez à tenham

aprovado mesmo, visto sua

adoração pelas máculas,

pelos pequenos equívocos,

fragmento caótico

mal-ordenado da juventude

estonteante de cada um.

cada qual o espelho que

espelha a luminescência

do risco de prata, das formas

ousadas esculpidas

pela graça de deus

nosso-senhor-tempo-amém

lapidadas na graça,

no testempero imprevisível

do diabo, deus-irmão

da escuridão dos homens,

de todos os homens

e de todas as suas

saudades.

Vini Miranda
Enviado por Vini Miranda em 21/08/2017
Reeditado em 21/08/2017
Código do texto: T6090873
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