Tua rota
Da nascente em tua boca brota o rio que me leva inteiro. Ganha corpo nos poros do teu rosto, e abre-me o mundo em tuas águas correntes.
Nos teus olhos pretos, o rio já é caudaloso e me fala tudo o que eu preciso ouvir; canta a melodia da noite à floresta divina dos teus cabelos leves.
Nem se demora e já estou perdido nas curvas dos teus traços, no cheiro de tua nuca. O rio segue devagar e constante, ascendendo em mim o instinto de ser só seu.
Tuas costas, tuas colinas, minha vida inteira em pele; o rio caudaloso segue e eu sigo a sua rota sedento da vida e com potência de tudo.
Visito-te quando permites, mas perco-me a todo instante.
Um toque rasgado em minha pele
é ferida que arde profundo;
Um momento eternizado em teu corpo
é todo o tempo do mundo.