Grilhões que carrego nos braços,

Grilhões que carrego nos braços,

Sendo prisioneiro defunto:

Castigo por dar estes passos

Que dão as pessoas, no mundo.

Porém, os castigos mais crassos

São os próprios passos, meu ludo,

A fonte afinal dos percalços

Que o homem descobre, no mundo.

Sou isto o que sou: um pecado,

Punido por ter existido,

Sempre consciente do fato

De a pena ter, sim, merecido.

É sina... O fruto foi dado,

E, eu néscio, então, foi mordido;

Que importa que foi no passado

Bem antes de à luz eu ter vindo?

É sina... É minha e de cada

Infeliz que à Terra chegou

Culpado da lástima herdada

De quem cá primeiro pisou.

Pois sim! Pecarei! Valho nada!

Nasci sendo o monstro que sou!

Que venha o castigo, essa brasa

Do inferno, que Deus preparou!

Mas, misericórdia, Senhor...

Deixai-me tentar a Palavra...

Livrai-me de ser o horror...

E dai-me de ser Vossa dádiva.

24/8/2017

Malveira Cruz
Enviado por Malveira Cruz em 24/08/2017
Reeditado em 24/08/2017
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