CAMPOS CITADINOS
Habito em bem menos terra
que a que habita em mim.
Coexistes, consolada pelo pretexto
que sou pobre aos teus braços,
raíz da minha súbtil riqueza.
Floresces a realeza dos sentidos
em magros panos de seda
vencedora do seu mais belo infortúnio,
carne colada aos seus ossos
em diante da dor que os separa,
conjuntamente com a verdadeira língua
do profeta desordeiro.
Tudo passará pelo o que foi sendo o que será.
Perdido, na vastidão de um ponto complexo
criado por uma qualquer pedra concreta
pronta a dissecar em favor do labirinto
de interesses do inútil sacrifício,
revejo o que nunca olhei
pelo canto do olho melindroso
que me chama mais que o fogo em si.
Sou incapaz de transparecer a clareza
a que sou devoto em missas de prolongada
adoração por um mórbido sinal
de um tesouro tão longínquo quanto distante
de existir que porém verga a minha impaciência.
Tudo cheira a pudridão nos vastos campos
fabris mesmo que o ideal do verde
esteja cimentado nas suas fachadas.
Ferro embutido em pedras que a nada pertencem
senão ao mar e à terra que as hão de comer
novamente, uma ciência que me impede
de deixar crescer nos ossos a carne,
que lhe é inerente, para um bem comum
que será como já foi negar qualquer fruto proibido.