A Fungada

O sorriso largo de fingido pranto,

Estende-se a mão a rogar por votos.

De promessas vãs de pau-oco o santo.

De aparência cândida e espíritos rotos.

A generosa alma, que contempla a cena,

Inocente e pura, nem percebe a trama.

Entregou-lhe o voto a preço de banana

E inocente e incauto segue sua sina.

Quem comprou o voto seguiu satisfeito

E apertou no laço uma nação inteira.

Presidente, edil ou deputado eleito

Senador, prefeito e até secretário.

Nessa bandalheira roubou seu salário,

A saúde e a escola, esse salafrario

Afundou na lama o país inteiro

E tornou jacoso o ser brasileiro.

Se me aperta a mão fico até com medo!

E olho minhas mãos com todo cuidado.

Vai que na surdina levou algum dedo!

Se o Seguro morreu, vivo desconfiado.

Mas falando sério, tenha mais cuidado!

Não troque o voto por um bagarote.

Não aceite a esmola como ordenado,

Ou aguenta firme a fungada no cangote.

Kleber Versares
Enviado por Kleber Versares em 02/09/2017
Reeditado em 03/09/2017
Código do texto: T6102747
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