A Fungada
O sorriso largo de fingido pranto,
Estende-se a mão a rogar por votos.
De promessas vãs de pau-oco o santo.
De aparência cândida e espíritos rotos.
A generosa alma, que contempla a cena,
Inocente e pura, nem percebe a trama.
Entregou-lhe o voto a preço de banana
E inocente e incauto segue sua sina.
Quem comprou o voto seguiu satisfeito
E apertou no laço uma nação inteira.
Presidente, edil ou deputado eleito
Senador, prefeito e até secretário.
Nessa bandalheira roubou seu salário,
A saúde e a escola, esse salafrario
Afundou na lama o país inteiro
E tornou jacoso o ser brasileiro.
Se me aperta a mão fico até com medo!
E olho minhas mãos com todo cuidado.
Vai que na surdina levou algum dedo!
Se o Seguro morreu, vivo desconfiado.
Mas falando sério, tenha mais cuidado!
Não troque o voto por um bagarote.
Não aceite a esmola como ordenado,
Ou aguenta firme a fungada no cangote.