Pedra para Otacília
Quiseram cobrir o sol com setas;
não tive medo de lutar à sombra.
Mil à esquerda, dez mil à direita:
quem tem o corpo fechado
não tomba.
O sonho novo que grassa fora da minha tenda
balança as velas dos barcos
e a chama das velas nas casas.
Vela por mim uma doida,
que, ao longe, anda a meu lado.
Vela por mim um anjo,
que, leve, me segue sorrindo.
Vela por mim uma fada,
que tinge de azul meus sonhos acordados.
No silêncio de que preciso,
meu siso me convence:
“Para um coração espartano,
cabeça ateniense”.