ANJO CEGO

Da janela do meu quarto

assisti a um parto;

uma mulher grã-fina

dava luz a uma menina.

Doava seus olhos verdes

para matar a sede

da pequenina bonequinha,

que nem a visão tinha.

Na sala de operação,

uma grande emoção.

Ao se identificar,

a mulher pôs-se a chorar,

pois aqueles olhinhos sem luz

pertenciam a quem ela dera á luz.

Só que pela fama

ela os abandonara na cama

daquele mesmo hospital,

deixando-os quase mortos.

Sem o seu calor materno

para seguir a vida do inferno.

Arrependida da vida errada

imediatamente ela quer ser operada.

Para dar àquela criança

uma vida de luz e esperança.

É feita a operação

e hoje um anjo, a puxa pela mão.

Só que, quem viveu pelo prazer

hoje não vê esse anjo crescer.

Nova Serrana (MG), 17 de setembro de 1985.

Tadeu Lobo
Enviado por Tadeu Lobo em 24/09/2017
Código do texto: T6123483
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.