Eram navalhas seus olhos...

Eram navalhas seus olhos...

Eram como navalhas a corta minha carne,

todas as vezes que seus olhos por mim passavam.

Seu olhar era feito faca quente na manteiga,

eu não resistia e me deixava levar por seu olhar

que ao se desviarem de mim levavam consigo a minha paz...

minha paz espiritual, minha razão de

continuar ali a mercê, exposto a ele.

Seus olhos viam mas que minha aparência,

desnudavam-me... sentia que me dissecava a pele

passando ele a ver de longe minha carne, me expondo,

me dedilhando por dentro,

seus olhos caminhavam nos nervos de minha face,

nas artérias do meu pescoço,

nas veias de meus braços e ao fixar, ele me dava entender que via

mas que minha pele rubra de vergonha,

Eu entendia que ele acompanhava o sangue que ai corria.

E fixava seus olhos negros como as trevas nos nervos que

em minha face se escondiam,

por instantes seus lábios balbuciavam

palavras que eu interpretava como sendo

Ele nomeando cada um dos meus pares craneales.

E De repente ele sacou os olhos de mim e meu tormento iniciou,

desejando eu que os retornasse em minha direção.

Então ele levanta e meu coração dispara...

Ele sai do recinto levando consigo minha paz,

após desnudar-me com seus olhos negros.

Por Robervan Alves