Mea culpa
Crista da manhã que vem brilhando
Que sendo tanto, me faz não ser
Ofusca-me o brilho, toda a virtude
Vem se esgueirando o meu não querer
Sou o esbulho, meus próprios erros
O meu ciúme, insensatez
Meu descontrole e meu orgulho
Me sou eu todos e de uma vez
Eu sei de tudo; não vejo nada
Sei do livro e da enxada
Vivo o mundo, a mulher amada
Eu sei da polca e da toada
Com o olhar, construo prédios
Tão gigantes como meu medo
Vigas frias como meu tédio
E paredes que guardam segredos
Acompanho a espuma da onda torta
Nasce, cresce, enrola e quebra
Afogam meus sonhos e já tão cedo
Leva-me a vida e também me leva
Seguindo o curso do dia longo, me pego sonhando com o devir...
Extirpam-me a vida, meus erros disformes
E sugam-me o sangue os medíocres medos