O tempo dos abortados

Me sinto estéreo,

Parece que nunca pari ninguém,

E mesmo isso é duvidoso,

Como um arco-íris todo negro...

Aqui nenhuma semente morre,

Aqui jaz a desolação concentrada,

E eu que pensava ser poeta,

Sou apenas uma coisa emborcada,

Ignorada, sem valentia alguma...

Meus amigos, fumem no meu funeral que se adiantou,

Eis-me morto ainda vivo,

Com todos os órgãos latejando,

Se decompondo como o tempo dos abortados...

Sebastião Alves da Silva
Enviado por Sebastião Alves da Silva em 14/10/2017
Código do texto: T6142001
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.