PASSARINHO E LÚCIFER À DIZER-ME-A-ALMA...

Passarinho na gaiola...

Come uma frutinha...

Passarinho negro e amarelo...

Sente sede e canta...

Sente música e fome...

Passarinho na gaiola na casa pobre...

Passarinho é beleza aprisionada...

Meu amor floreia inspiração...

Capa de violão vazia...

Negra é a capa como o passarinho...

Passarinho é mais formoso meu violão?

Frenético passarinho bebedor...

Frenesí de amor e calor...

Seu bico agudo e flecheiro...

A luz adentra a gaiola e ele dorme...

Meu amor floreia inspiração...

Gaiola amarela...

Parede sem reboco...

... Teias de aranha são estrelas...

... Vida de passarinho rodopia...

... Balançar de emoções e cantos...

Música é passarinho a pular alegria...

Contempla passarinho a sorte da rua...

Contempla programas televisões e sinais...

Sozinhos são os passarinhos nas gaiolas do mundo...

Meu amor floreia inspiração...

Passarinho limpa o bico...

Sem fruta fresca é sua dor...

Balança as penas negras e amarelas...

Come sementes e estrelas...

Passarinho neste dia eu sou solitário poeta...

Tristonho passarinho vê deslumbres...

Canta músicas a sorte de humano egoísmo...

... Onde está meus amigos?

... Onde está meus irmãos?

... Onde está meu verdiar...

Na gaiola as pessoas auto-se-destróem...

Meu amor floreia inspiração...

Sozinho negro passarinho...

Sozinho negro mulato...

Sozinho preto endividado...

Sozinho feio humano sem esperança à amargurar letras...

Mulato passarinho sozinho rapaz tagarela...

Sozinho eu escuto harmonia de anjos...

Inferno no mundo tenho medo!

Inferno no nascer eu tremo!

Inferno no cantar misérias ao fim!

Demônios a poetizar na gaiola!

Inferno Ó tristeza de passarinhos!

Meu amor eu vejo os nove Paraísos és minha inspiração...

Passarinho...

Penas inflamadas loucura...

Loucura a inflamar doçuras...

Passarinho... Passarinho... Passarinho... Onde gaiolas?

Passarinho na cela do coração...

... Egoísmo é humanidade passarinhos...

... Egoísmo é violência domesticada na alma...

Passarinho na gaiola xamã dos deuses...

Deitado no solo de flandres sujos...

Passarinho... Eu sou um amargurado à ti amar...

Meu amor floreia inspiração...

Na casa sem reboco onde está as flores?

Não existe flores existe mentiras...

Não existe gaiolas mas imaginações torturantes...

O sol quebranta o amor...

A lua não mais existe...

A noite é eterna...

E passarinhos são demônios?

Pois demônios a inflamar-me arrebata-me os sonhos...

Come passarinho carambolas...

Come passarinho o orvalho da maçã...

Orvalho fresco e frio na boca cheia de tomates...

Passarinho... Passarinhos... Passarinhos...

Meu amor floreia artimanhas de dragões desencarnados...

Passarinho é beleza...

Beleza do mavioso canto de anjos..

Beleza de mulher...

Beleza de deusas...

Deusas e bruxas...

Deusas amantes do vinho e violenta paixão...

Bruxas bacantes na orgia do luar sagrado...

Passarinho é fogo de artes...

E a arte consome o pecado desse poemar...

Passarinho... Passarinhos... Onde está a natureza tua mãe?

Ó maldita palavra Lúcifer...

Lúcifer dança entre estrelas e planetas...

Lúcifer é passarinho ladrão de sementes...

Ó maldita essência da nobreza das trevas...

Maldita poesia de beleza afamada...

Ó setenta espectros eu vos vejo no Jardim dos sonhos...

Amor eu floreio a Eternidade do mundo Órfico...

Amor...

... Eu morro num suicídio...

... E suicídio...

... Impossibilita a tua felicidade...

... E não trás mais paz...

... Passarinho vá dizer-te adeus...

... Adeus de ansiar-te...

... No meu amor...