CULPAS

No ruidoso silêncio

as secretas culpas passadas,

gritam na consciência.

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A verdade, um dia emerge,

jorra na superfície da fonte, converge

e tudo, tudo vem à tona,

e no circo itinerante da vida

revela-se no picadeiro sem lona,

as secretas culpas ocultas,

o remorso constante, noite mal dormida,

espírito irriquieto;

Os fantasmas da consciência,

encenam a essência do pecado distante,

vestem o traje do ultraje,

escárnio na trilha sonora,

som do ruidoso silêncio do agora,

trama desfeita, o suplício não tem hora,

todo momento reclama o tormento,

a platéia espera, aguarda

em atos, o texto dos fatos,

sem vacilar, temer ou tremer,

sem condição, sem opção,

o mal não é infinito, a verdade solta seu grito,

todo desacerto tem seu próprio acerto,

apaga a luz, atenção! já é tempo

ouvir no vento as vozes do lado de lá,

vozes amigas, antigas, querendo falar:

É hora de encarar, assumir,

sem sair, nem fugir,

sem buscar no outro a fácil desculpa,

erros, enganos, desenganos, é hora do 'mea culpa'

levantar o olhar caído, esparramado no chão,

sustentar com dignidade a palavra perdão,

é difícil, é ruim, a vergonha na cara não pára,

coração pulsa mais forte, dispara,

nessa hora ela é fria, é cruel,

desata o laço, desfaz o nó,

duramente conclui seu papel,

cai por terra a torre de Babel;

O palco ganha luz, a culpa vira pó,

viver é saber conviver,

a vida é efêmera, fugaz,

vale a pena tentar,

pra depois, recostar e dormir em paz!

02/05

Andrade Jorge

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Registro Fundação Biblioteca Nacional/RJ

ANDRADE JORGE
Enviado por ANDRADE JORGE em 20/10/2005
Código do texto: T61572
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