Falando a um Poeta

Não mais me digas

Dos meus olhares

Que em ti habitam

Não me fales deste amor

Que me descobre em ti

Eu não saberia fingir doçuras

Aquieta os teus lábios

Que me sussurram em beijos

Cala a ânsia das tuas mãos

Que me murmuram em desejos

Eu não poderia ser a que esperas

Seria sempre nota distante

Musicalidade ausente

Da melodia que toca tua alma

Mantém-te à salvo de mim

Acautela-te das tuas fantasias

Não me premedites em teus caminhos

Teus passos não me alcançariam

Nada me peças além desta alegria

Que descortinas em meus dias

És sorriso em meus olhos

Mas eles apenas te colorem

Em matizes de amizade

Há apenas este destino possível

Acessível,tentando clarear-te a razão

Não te deixes enganar

Pelas palavras cálidas

Que sentes arderem em minhas mãos

Sei bem para quem se desdobra

Cada letra que me escapa dos dedos

O frisson, o desvario, o desatino

A geografia de todas as minhas palavras

Ignoras o universo

Em que mergulha minha vertigem

Quisera que me ouvisses

Apenas não entendes o que é óbvio

A voz de cada poema que escrevo

É apenas o silêncio transgressor

Do meu coração de poeta sonhadora...

Fernanda Guimarães

www.fernandaguimaraes.com.br

Fernanda Guimarães
Enviado por Fernanda Guimarães em 20/10/2005
Reeditado em 25/08/2008
Código do texto: T61582