POEMA SENTIMENTAL MAIS DE PERTO
Não chegue tão perto, cheira mal esse arranjo de flores mortas. Para o mercado vamos compor ramalhete de versos tecidos em ramas de metal.
Estamos desacordados, sonâmbulos mascando chiclet. A vida é esse desencontro do "eu" perdido no centro do conflito.
Preâmbulo da ação sem estreia, ou entra em cena ou liga a televisão.
Sente o desassossego?
Está por toda parte e em lugar nenhum.
É o incomodo conveniente.
Não chegue tão perto, já disse,
a poesia sentimental está morta,
até as flores de plástico cheiram mal.
Mas nós ressuscitaremos na rama metálica.
Tanto quanto mais alheios,
no oco da finíssima linha serenos estaremos.
Ainda não é o fim, desligue tudo e saia pra rua.
No asfalto das redes sociais a poesia desliza.
Esse é o cheiro das flores mortas sepultadas
com o último poema sentimental.
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Baltazar