POEMA SENTIMENTAL MAIS DE PERTO

Não chegue tão perto, cheira mal esse arranjo de flores mortas. Para o mercado vamos compor ramalhete de versos tecidos em ramas de metal.

Estamos desacordados, sonâmbulos mascando chiclet. A vida é esse desencontro do "eu" perdido no centro do conflito.

Preâmbulo da ação sem estreia, ou entra em cena ou liga a televisão.

Sente o desassossego?

Está por toda parte e em lugar nenhum.

É o incomodo conveniente.

Não chegue tão perto, já disse,

a poesia sentimental está morta,

até as flores de plástico cheiram mal.

Mas nós ressuscitaremos na rama metálica.

Tanto quanto mais alheios,

no oco da finíssima linha serenos estaremos.

Ainda não é o fim, desligue tudo e saia pra rua.

No asfalto das redes sociais a poesia desliza.

Esse é o cheiro das flores mortas sepultadas

com o último poema sentimental.

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Baltazar

Baltazar Gonçalves
Enviado por Baltazar Gonçalves em 09/11/2017
Reeditado em 05/03/2019
Código do texto: T6166819
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