INFÂNCIA
Para Maria Antonia, minha mãe.
Guardo na memória:
uma rua torta,
casas de meia-água
de portas e janelas bichadas
chão de barro batido.
Guardo
na memória
uma cidadezinha operária
onde toda tarde
se coalhava de cadeiras nas calçadas.
Guardo na memória
o grito das crianças
que toda noite
passavam o anel
brincavam de barra-bandeira.
Lua cheia, estórias de trancoso...
Fim de tarde sob mangueiras.
Nas mãos inocentes de menino,
espadas de pau.
Não fazia guerra,
apenas
o jogo ludico
da morte.
Minha mãe
vestia um macacão azul
Todo seu corpo recendia a aroma de agave.
A placa retangular
de bronze, na parede de taipa
escrito em branco
rua Seveino Ramalho.