INFÂNCIA

Para Maria Antonia, minha mãe.

Guardo na memória:

uma rua torta,

casas de meia-água

de portas e janelas bichadas

chão de barro batido.

Guardo

na memória

uma cidadezinha operária

onde toda tarde

se coalhava de cadeiras nas calçadas.

Guardo na memória

o grito das crianças

que toda noite

passavam o anel

brincavam de barra-bandeira.

Lua cheia, estórias de trancoso...

Fim de tarde sob mangueiras.

Nas mãos inocentes de menino,

espadas de pau.

Não fazia guerra,

apenas

o jogo ludico

da morte.

Minha mãe

vestia um macacão azul

Todo seu corpo recendia a aroma de agave.

A placa retangular

de bronze, na parede de taipa

escrito em branco

rua Seveino Ramalho.

jose rodrigues
Enviado por jose rodrigues em 21/08/2007
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