O poeta está vivo
Talvez hoje não tão chama
Brando assovio quente
Abraços de minha cama
No que hoje tão ausente
Em chamas meu lar, a casa
O tal passageiro, encanto
Chamuscada fez-se brasa
Coberto em cinzas, manta
É marcante a rouca voz
O grito que não ecoa
Consequências do após
Nomes de qualquer pessoa
A lentidão por resposta
Tão aflito o ansioso
Veloz gosta e desgosta
Ganhos meus em ser moroso
Apoiado em mim prossigo
Queime em cinzas o rouco grito
Por vezes a paz consigo
Nasce então o nobre escrito
Finda-se o repousar
Alheio ao mal me esquivo
Sob as cinzas a queimar
O poeta está vivo.