PRIMEIRA LÁPIDE

Calei-me tantas vezes

Na noite pueril do meu coração

Que perdi todas as palavras de mim

Estas nada significam no leito morno do dia

Eram pedras imóveis, sem gosto, inanimadas,

Sem sopro, sem vida, um conjunto de nada mais.

Eram filhas da mudez, do despropósito de um ideal

Soterrado em apagamento e diminuição.

As palavras foram à primeira coisa essencial

Que morreu em mim, sendo a língua,

Igualmente minha primeira lápide metafórica.