Meu corpo de mulher
No meu corpo de mulher
Não cabem as leis dos homens
Nem tampouco a vil política
Que criminaliza minha maternidade
Rifa meu útero em jantares
Pagos com o meu dinheiro
A homens bicentenários de mãos sujas
A mulheres pasteurizadas e acéfalas.
O meu corpo de mulher
Foi-me dado por Deus.
É minha dádiva, meu lar, meu prazer...
No meu corpo de mulher
Cabe o meu desejo
A minha decisão
Porque eu nasci com ele
E morrerei com ele
E as minhas dores estão nele.
O meu corpo de mulher
Não pertence ao homem que comigo deita
Não pertence ao homem, que na rua,
Profere sua virilidade distorcida
em palavras parcas e imundas
Não pertence ao Estado
O meu corpo de mulher
É apenas meu!
Nele crescem as flores e os filhos que eu quiser...
Nele cabem os homens que eu desejar...
Porque nele está a minha trajetória
A minha alegria, a minha dor, a minha fé, a minha identidade.
Por que tu achas que o meu corpo de mulher
É teu?