DE DEUS A CAIM

Pois assim como é certo o amanhã

Caíram teus dentes e tuas unhas

Desprovido de toda defesa humana

Quedar-te-á a mercê de todas as coisas vis,

Piores que ti, mas não terás qualquer fim.

A desgraça absoluta é permanecer sem paz

Na mira de outros predadores mais ferozes.

Tua cor será o hórrido vermelho e teu odor

A carniça perniciosa de sangue apodrecido.

Não reconhecerás nem tocarás qualquer

Mísero quilate de eterna ou divinal beleza.

Longe de tua cova de tempestades e ossos

Ficará ao relento dos sonhos, sob a maldição

Dos olhos das estrelas longevas, que não mais

Guiarão teu caminho de esplendor, mas, sim,

Levá-lo-á a escuridão e queda no abismo

Repetidamente, em ciclo, sem morte sem sentir,

Pois a partir deste momento, feito verdadeiro inferno,

Céu sem função a ti, meu silêncio é tua perene exclusão

E és maldito para todo sempre.