A poetisa que virou poesia

Eu sou poetisa ferida

vivida

partida ao meio

Sou menina de asas quebradas, mas que ainda insiste em voar

Eu sou a filha da puta que chora e desabafa com músicas que parecem sentimentos escondidos

Eu sou arranhada

quebrada

fodida

louca

Mas sou da paz e guardo a paz dentro do peito cheio de vazios

Eu sou a dor

a pequena porcentagem do amor

a daltônica que vê cor

Sou a voz que canta desafinada

e o grito baixo

Sou o tudo

e principalmente o nada

Sou filantropa de palavras soltas,

mas que fazem sentido

Sou o sexto e sétimo sentidos

dos cegos e dos mortos

Sou a paixão dos deuses

e o pecado dos ateus

Eu me entrego na ilha

na superfície

no chão firme

Remo contra a maré de azar

e morro na praia dos sonhos

Sou de língua enrolada

palavra encantada

poesia falada

Sou a música e a melodia:

poucos sabem me tocar

Minha mente: confusão

Se me entenderem, ou ao menos tentarem, estou morta!

pois o que me mantém viva é esse ar de mistério que sopra em minha essência.

Thina Freitas
Enviado por Thina Freitas em 29/11/2017
Reeditado em 29/11/2017
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