Entre dores
Recosta - ó noite! - teu peito sobre minha cabeça
Envia teu manto seco e cruel às minhas vestes
Engole todo amargo de minha alegria
Enxuga as lágrimas
Empurra - ó dia! - para mais tarde a minha esperança
Molda teus planos segundo a humanidade
Mistura as cores e os amores
Medita só em teu leito
Morre - ó poeta! - dentro de seus delírios de compreensão
Fere a alma com cantigas de amor e amigo
Fecunda as moças com letras
Firma o nó na garganta
Feliz - ó angústia! - que prepara a cova imortal para mim
Remoendo a história de minha vida,triste vida!
Roendo as bordas desse suplício
Rios que levam...entre dores!