VONTADE DE VIVER

VONTADE DE VIVER

Caminhar entre os escombros de fragmentos

do passado e as inumeráveis perspectivas vagas do futuro.

Tensão, miseráveis! É prisão nosso presente de grego.

Escalada... vôo leve e alegre,

e num ângulo perfeito atingir os cumes

das imensas montanhas.

“_ Tornai-vos duros!” - eis a lição do temido e tão maldito filósofo;

pelas alturas dos quereres!

Benfazeja a energia para o isolamento,

a vontade de solidão:

retorno a mim.

O silêncio em mim e um grande meio-dia Sim!

A minha selvagem Sabedoria foi fecundada

na solidão das montanhas,

foi germinada em solos de mil abismos,

sou aedo possuído!

As auroras que não brilharam ainda

serão solapadas por uma mutação,

que aflição!

Mutação,

mudança de cenário temerária,

feita na nossa Época, tempo da colossal Vaca Multicor,

em longa sucessão de anos e

na construção dos deuses de barro.

Pressentimento, presente-cimento,

engessado, engraçado:

o mundo idealizado pretensamente superior – pura tolice!

Eis então a Ilha dos Túmulos!

Esperança deita tola e pérfida no futuro

entoando o Cântico dos Sepulcros...

“_ Tornai-vos duros!” – a tudo destruir com a força do martelo!

a marteladas, até que nada reste, tão-somente pedras sobre pedras!

E fico estupidificado,

e rumino com paciência de vaca...

Das Ilhas Afortunadas:

mal e perigo por todos oráculos e adivinhos gregos -

aqueles que apenas amavam a vida

e a criadora vontade de viver.

Prof. Dr. Sílvio Medeiros

Campinas, é inverno de 2007.