Uma casa velha
Eu fotografei uma casa velha
meio sem cor
talvez só o lodo verde pintasse o clima
Uma casa onde balançava o vento
e a sina do tormento
do lamento de um amor que ali já existiu
e se aconchegou
que afagou no seu ventre
e deu a luz um sonoro "Eu te amo"
um eu te amo que voou com o vento virando fumaça, virando lembrança e música pra quem um dia já teve audição
Eu fotografei uma casa velha
sem eira,
nem beira
só eu e ela:
as paredes
e as redes
e as plantas miúdas decorando por fora como se precisasse esconder o quarto vago onde ainda dorme um coração