Soneto do beijo frio

Onde dantes meu coração, nunca navegado

Amor marcado, pelo punhal nele cravado

Triste murmúrio de um peito ensanguentado

Os deuses fizeram-me assim: Anjo coitado

Hoje o peito pede morte

Coração amargurado, ensanguentado

Não sei onde estou, porventura

Sonhos e desejos abstratos, me triste fado

Ah! Meu amor é cego, a verdade, dura

Apaixonar-me pelo abstrato: não via e não sentia

O gosto amorfo, fúnebre, do beijo frio

Seu hálito mofo, como um animal no cio

De abraço gélido, ditarás a minha negra sorte

Seu nome temido, mal amado, MORTE.

RENATO ESTEVES SODRÉ

07/12/2017