Narciso do Rio das Velhas (Para um amigo)

De olhar forte e firme de realeza

Mirava-se no espelho do Rio

Contemplando sua própria beleza

Na aurora triste de um dia frio.

Lembranças surgiram em sua cabeça

Sobre o rio viu pontes e barrancas

Vaidoso de sua própria presença

Nas saudosas praias de areias brancas

Conhecia tudo do antigo Rio:

As suas inúmeras nascentes

Suas matas ciliares, seu brio

Suas margens e afluentes

Escolheu o remanso do velho Rio

Para levar à sua imagem à profundeza

À procura de seguro refúgio

Para esconder a sua própria beleza

Ignorava que não era ele, tão, somente

Sua própria beleza contemplava

A fúria da célere e forte corrente

Também, a tudo observava.

Traído pela sua vaidade e amor próprio

Sua lembrança, sua beleza, que persiste

Foi tragada na aurora de um dia frio

Pela correnteza do rio poluído e triste.

RENATO ESTEVES SODRÉ

15/12/2017