Aquilo que eu quero

Se fosse enumerar as coisas

Já nunca sendo coisas

Aquilo que eu quero

Como se quisesse o próprio infinito

Tombado sobre a eternidade

Primeiro seria o outono

Com suas folhas ao chão

Depois o rio

Atravessando meu corpo

Um dia de chuva

E o outro após

Escorrendo por baixo das horas

O vento soprando

Uma tarde a ser inventada

Banho de mar ao nascer

E ao pôr-do-sol

Poemas de Neruda

Escritos na pele

Um acontecimento verdadeiro

Sob o testemunho dos olhos

E um par de asas pro silêncio...