________MUNDO ESTÉRIL

_ Sua cabeça tem janelas que se comunicam com o mundo?
_ Sim. Meus olhos corvos.

Todas as estradas tendem ao fim estéril. 
Todos os passos são gotas mórbidas
- atrações nervosas -.

_ Escutou isso?
_ Não. Suponho que sim. Sim. Talvez não. Não sei o que pensar.

Ouve-lhe do dorso escuro da parede
- Sombra que se estende - mão -.
Fez-se momentâneo silêncio. De repente a Sombra ergueu os olhos e num sussurro...

_ Só recebe o mundo a quem se vê o azedume.
_ Heim?  - descartei qualquer possibilidade de levar a sério e sacudi em negativa a cabeça.

A Sombra franziu a boca. Era o ódio. E no veludo das pálpebras negras, desfeito o pouco de luz.

_ Obrigada.
_ Suponhamos - a Sombra respondeu. - Acerta o teu relógio.

E tinha, no teu pulso desbotado, o corte pálido de sangue. A Sombra. E ao ver o mundo, imaginou-se cativa -, Lodo! - sussurou -, Oh! Como te estimei! - Foi-se.

Saiu enjoada, quedou-se na fresta da parede, feito lâmina deitada e descorada de batalha. Ficou tão transtornada com o que viu.... tornou-se difícil matar o que já lhe parecia morto - o mundo -.

 
Escrita ao som de:








 
oOoll NOTURNA lloOo
Enviado por oOoll NOTURNA lloOo em 28/12/2017
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