Outra esfera

Aqui o tempo circula

mais devagar

As ideias se apoiam nos caibros,

escorrem em paredes,

caminham sentadas

Aqui nunca se quis muito,

muito pelo contrário,

se joga em baralho sem marcas

Aqui já se esfregou pedra em carne,

esfarelaram-se apelos,

incendiaram os atalhos

Por aqui se espancou muito a porta

do peito

mas adentraram no avesso,

começo de tudo,

revirando um passado

tão presente...

Aqui já se rodou muito em círculos,

num picadeiro quadrado,

onde o medo morno paira,

numa paúra

de que o tempo se apresse,

envermelhando de vez

as veias finas dos olhos

Aqui, nessa esfera vivo

e viverei

cativo e mordaz.