Sem Camisa de Bermuda e Chinelo

Lá na senzala o Negro já cantava

Lá no arado o Negro já cantava

Sem carta de alforria

Sem herança

Sozinho e sem família

Só na lembrança dos seus queridos

O Negro teve sempre ao seu favor

O ritmo e a melodia

Sempre falando de amor

Tanto a melodia triste quanto a melodia de alegria

Ele priorizava isso

A liberdade da alma e do canto

Desde o passado o Negro já dançava e rezava pra Santa Ifigênia

Santa Anastácia e Nossa Senhora Aparecida

Sem terra e sem teto

O Negro já fazia a festa na avenida

O Negro não é só lamento

O tempo passou e o Negro continua desfilando

Soberano no meio do povo

Sempre singelo de bermuda e chinelo

Sem camisa e de boné

Negro é o dono do morro

É assim que é!

Anos depois da abolição

Negro é muito grande

É o rei do batuque

É a grande Nação Nagô

Viva todos os terreiros do mundo inteiro

Viva todos os afrodescendentes

Obrigado São Benedito

São Baltasar e Santo Elesbão

Obrigado pela intercessão

O pranto passou

E agora o momento pra gente é sensacional

Pra algumas vidas muito especial

A nossa!

Faço desses longos dias o meu sincero e eterno carnaval

Paulo Poba
Enviado por Paulo Poba em 31/12/2017
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