Vida

Quero escutar a mesma música

a mesma melodia quando estiver debaixo d'agua

nadando para sobreviver

se ao menos eu pudesse me desmembrar de mim mesma

quando eu quisesse em qualquer tempo desta vida

sair do ar

com a paciência de uma aranha ao tear sua própria casa

ou a teimosia indolente do pombo que se aproxima e permanece perto daquele que por ele só tem nojo e repulsa

Com quantas chances perdidas ou até inexistentes se faz uma vida digna de ser vivida?

Com quanta engenhosidade se constrói o tempo precioso e caro de uma vida querida?

eu não tenho nenhuma resposta, nenhuma reação, nenhuma ação decente que me faça curtir a vida

mesmo a vida vivida não querida me desperta enganos e gracejos

que por ora me divertem e me destroem

nada do que vivo é um, nada do que não vivo é dois

também não sei do que estou falando

o que falo na maior parte das vezes

quando vem de um profundo sincero ardor

nem ao menos me diz respeito

é sensação de pertencimento roubado

fruto de uma relação ulterior desconhecidamente rica e dotada de imensa beleza

vista ocultamente somente por mim

é ultrajante como se faz protagonista em momentos isolados de intenso dissabor que comove e é comovente

ninguém conhece, só eu e estou pronta para dar-me a conhecer

só quero a vida dos gênios, nada mais.

Nina V Vicente
Enviado por Nina V Vicente em 06/01/2018
Código do texto: T6218755
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