Espelho
É que eu sinto muito
me perdoe se eu soo patética
é só com isso que eu vivo
eu não tenho nada a perder e também nada a ganhar
eu, em frente ao espelho, sou quase como uma obra inacabada
intocável pelas agruras do tempo
sofro da miséria dos devaneios que não me levam a lugar algum
frases e mais frases brotando do meu olhar vago refletido por uma transparência sincera de importância
já não se vê mais a pobre desgraça que é anunciada em vida
a perfeição jamais tocada na manjedoura fiel
a concepção adverte e consola o que de criado não pode dar frutos
eu sou assim mesmo
uma complicação que tento afastar para bem longe
e como onda do mar, sempre volta
ao filho pródigo que sempre retorna
todas as graças e bênçãos
a boa sorte não pode faltar
ser mimada emocionalmente é como carícia de beira de estrada; nunca se sabe onde vai dar
eu sofro do mal de sentir muito e não ter correspondências
me perdoe novamente se tais palavras exasperam
o silêncio de mim para mim mesma exaspera muito mais
e aqueles que não puderem me ouvir já não me quererão
e aqueles que não puderem me entender já não me verão
e aqueles que não puderem me aceitar, já não saberão
que tudo o que sou e o que um outro alguém é já não passa de passado.