Espelho

É que eu sinto muito

me perdoe se eu soo patética

é só com isso que eu vivo

eu não tenho nada a perder e também nada a ganhar

eu, em frente ao espelho, sou quase como uma obra inacabada

intocável pelas agruras do tempo

sofro da miséria dos devaneios que não me levam a lugar algum

frases e mais frases brotando do meu olhar vago refletido por uma transparência sincera de importância

já não se vê mais a pobre desgraça que é anunciada em vida

a perfeição jamais tocada na manjedoura fiel

a concepção adverte e consola o que de criado não pode dar frutos

eu sou assim mesmo

uma complicação que tento afastar para bem longe

e como onda do mar, sempre volta

ao filho pródigo que sempre retorna

todas as graças e bênçãos

a boa sorte não pode faltar

ser mimada emocionalmente é como carícia de beira de estrada; nunca se sabe onde vai dar

eu sofro do mal de sentir muito e não ter correspondências

me perdoe novamente se tais palavras exasperam

o silêncio de mim para mim mesma exaspera muito mais

e aqueles que não puderem me ouvir já não me quererão

e aqueles que não puderem me entender já não me verão

e aqueles que não puderem me aceitar, já não saberão

que tudo o que sou e o que um outro alguém é já não passa de passado.

Nina V Vicente
Enviado por Nina V Vicente em 06/01/2018
Código do texto: T6218823
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