TEMPO ROUBADO

A farsa que torna o palco um pedaço de vida,

sempre se acaba na penumbra e nos olhos vagos.

Esquivos, os gestos ficam congelados,

porque não são respostas ou minutos poupados.

A morte alheia sempre é a medida para o espanto.

Um som sem nome, vindo de algum quarto fechado.

Um aviso surdo de mãos justapostas em repouso,

ocultando as histórias escritas num papel ordinário.

Então é a fome, o impulso de engolir os significados.

Rostos são nomes, corpos são concreto amontoado.

Arquitetura incompleta e mecânica imperfeita,

mentira não emitida que morreu na garganta do enforcado.

Qual das minhas verdades prepara seu caminho?

Qual formato da audição é melhor pra se entender?

Fosse a perfeição e a verdade desde o início,

não haveria homem, nem chão, nem mundo onde se viver.

EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 07/01/2018
Código do texto: T6219092
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