Eu sou um bicho do imaginário
Eu sou um bicho do imaginário
existo entre o incerto e o abstrato
e com a cabeça de um sectário
declamo versos como um poeta degolado.
Com as unhas de uma mulher devassa
arranho suavemente as costas do nada
e em seus indiscretos arrepios
sinto os assomos de transporte do vazio.
Ando às tontas pela vida
convencido da minha indecisão.
Da minha alma ouço sonoros gritos
que tentam ponderar o calor de meus conflitos.
Através do olho alheio vejo
como se estabelece o mundo,
sinto de todo seu drama, o peso
e confuso assisto a tudo sentado sobre um muro.
Não sei o que querer, nisso sou exagerado!
A dúvida será meu valioso legado
além de uma capacidade metódica
para não declarar nada de forma sólida. .