Tempo de Tristeza

É tempo de tristeza

E eu nem sei por quê

Mas é sôfrego saber

Que às escuras lamento

É tempo de tristeza,

por isso não fiz aniversário

ou desejei me envolver

em algum grande plano

é tempo de tristeza

e sinto que as ruas

estão dentro de casa

é tempo de tristeza

nos lamentáveis conjuntos

de indivíduos

é tempo de tristeza

nos doentes, nas escolas,

nos cabelos da amada

que agora são lisos

em Deus, do qual sou fugitivo,

nos intestinos, bares,

em espaços mal preenchidos,

no colo do destino

nos teclados dos computadores,

naqueles seres indistintos

nas crianças que consomem

a vida em pacotes de alumínio

nas grávidas que não sabem

se alimentarão os próprios filhos,

nos corredores de arrastões,

e nos cães abandonados

nos olhos de quem vive faminto

e bebem como forma castigo,

nas ânsias mal resolvidas

nos medos de ainda menino

é tempo tristeza nas sextas-feiras

também aos sábados

e principalmente aos domingos

que são sempre vazios

triste tempo esse que habito,

com festas à noite,

cinema, futebol, festas

e toda natureza de vícios

triste tempo de tristeza

nos cassinos, nas senhoras

nas plantas das senhoras

no correr das horas

e na hora derradeira

Vinícius Rabêlo
Enviado por Vinícius Rabêlo em 15/01/2018
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