Grande

A grande beleza

estava destinada à grande sensibilidade

dos meus feitos, não se pode apreender muita coisa

os trens de minha vida não vão a lugar nenhum

eu entendo que as voltas mundanas me espelham e me rechaçam

ou sou eu quem faço isto deliberadamente

estou sempre à procura da beleza, à espera da beleza que não finda

para que tudo algo valha a pena, tudo tem que fazer sentido

Nos meus enganos aliado aos grandes enganos, tento sempre emergir conservando o fôlego sob a aparente decência de se manter

fujo do enfastiamento, mas sou blasé

pessoas que não me dizem nada simplesmente me devoram

ainda que eu vá embora, elas somam entre si

e eu só diminuo

não perco mais tempo fazendo o que não quero fazer e, talvez, esta lição tenha chegado antecipadamente em minha vida

Sei que não falo grandes coisas no fundo não sou ninguém, não sou nada

e quem verdadeiramente é, somos muitos que apenas ficamos no afeto para levarmos da melhor forma adiante a nossa grande insignificância e,

neste meio tempo

continuamos a brincar de sermos grandes

a brincadeira é séria e não pára

se ao menos nos sentíssemos de verdade

já não estaríamos aqui

e que comece do começo

sem mais meias palavras

a obra.

Nina V Vicente
Enviado por Nina V Vicente em 21/01/2018
Código do texto: T6232463
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