O prisioneiro

Às vezes, sinto que a vida é pura tristeza,

sofrimento, angústia e depressão.

Parece que todo mundo se conforma, menos eu,

Talvez a morte seja a tal da salvação.

Tudo me é proibido!

Então por que sigo vivendo

se não sou dono nem de mim mesmo?

Todos os dias, tão somente um pensamento:

"Como sou infeliz, por fora e por dentro,

Esse é o meu mais sincero sentimento."

Ah! Se eu tivesse a coragem do meu irmão

Já teria enrolado uma corda no meu pescoço

& me atirado em direção ao fundo do poço

como um pássaro em seu último voo.

Já que tenho que me esconder

Já que não me é permitido viver

Ao menos, posso dizer o que sinto?

Ou isso também me rende castigo?

Eu queria fazer uma festa com mais de mil convidados

Onde todos pudessem agir sem cerimônia

Onde todos fossem verdadeiramente respeitados.

Só que não, ainda tenho de manter a aparência,

Fingir como os atores, agir como os covardes,

Reprimir meu desejo de liberdade,

Em nenhum lugar é possível ser livre de verdade.

Posso dizer que todo mundo é falso, ignorante e medroso

Mas & eu?, Quem sou eu além de um pobre prisioneiro

Cuja vida é uma cela construída tijolo por tijolo?

O que devo fazer? Tanto quanto um camelo

Já trabalho, mas não recebo nem um vintém

apesar de me esforçar pra diabo!

Se me exponho, sou crucificado; entretanto,

não pretendo ficar de braços cruzados,

Preciso fazer alguma coisa, acreditar em algo,

Senão terei de me conformar como os homens

Que estão ao meu lado.

Carlos Gadamer
Enviado por Carlos Gadamer em 28/01/2018
Código do texto: T6238898
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