UM QUILATE DE PEDRA

Feito uma Medusa inversa

Sem medo de ser pedra por fora

Mas já sendo dura pedra por dentro

Olhei-me no surdo espelho

Não criei sólida estátua de mim,

Contudo, saiu andando de fininho

Meu reflexo aberto e incompleto

Querendo fazer-se outra imagem

Imbuir-se de nova leitura,

De resplandecente luz subversiva

Querendo ser liso ouro de tolo, quilates de promessa,

A ter que vestir a velha pele de pedra fria,

Porém o cansaço da dor é largo

Percebe-se isso nos meus olhos fundos

E no fundo do meu olhar sem rumo.

Meu eu falso e feliz finge ser

Mais que um espectro de luminescência artificial.