CHUVA CRIADEIRA

O pátio reflete estrelas de água beliscada,

Todo ele é um espelho de pequenos e grandes círculos espalhados.

Entre as alfinetadas no espelho d'água,

há os últimos presentes ofertados pelo ipê amarelo.

Caíram e, tristemente, brilham seu ouro em derradeiro suspiro

e a árvore, desnuda de flores, resiste à viuvez solitária

sob meneios de um tímido e desajeitado vento.

É mansa a chuva, criadeira,

quatro estrelas sangram

o monumento totêmico avermelhado:

Coração ardendo pitanga madura

sob a verdade das estrelas

e flutuante nas poças

de tanta água beliscada.

Aos poucos, vão cessando os pingos,

tudo é molhado lá fora

enquanto o coração purificado de uma mulher,

com jeito de santa, atravessa o pátio, molhando os pés.

Dalva Molina Mansano

Dalva Molina Mansano
Enviado por Dalva Molina Mansano em 04/02/2018
Código do texto: T6244730
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