Guarde depois de ler
À margem da vida que se sonha
À margem da coleção de não afetos
Quebra-se numa raridade quase nua de vontades
Desejos que explodem com a sensibilidade
Querer e não querer cansa e até machuca
O melhor é parar de decifrar
O mundo que eu quero viver é chato
Absolutamente tudo me causa negação
E eu não sei o que estou a dizer de verdade
Os momentos livres são aqueles que não são esperados
Se o que tenho que fazer é esquecer
Fecho os olhos para ver
Embargada em minha solidão
Eu desço mais a fundo para suportar
Encontrando o que possa interessar
Falando sobre coisas que possam não interessar a quem desfruta qualquer coisa
Eu, apenas eu não posso salvar a bagunça que sempre esteve latente
Se com uma mão agarro, com a outra deixo ir
O abismo gosta de mim e eu gosto muito dele
O final da linha pode ser aqui, mas eu não sei até onde devo chegar
Num choro que dura o tempo que for
Todas as repostas podem ser
Mesmo que eu queira pular para fora de mim
A tristeza não humilha as tentativas de transcender
O fracasso pondera sobre a vergonha inominável
Com tudo o que vejo, com tudo o sinto, com tudo o que não é meu
Eu não gostaria de ser outra pessoa a não ser eu mesma.
Desta vez, pela primeira vez, isto é real.
Fim
Que volta novamente repetidas vezes sem fim e sem sim, a vida continua sem nada ao meu lado
A sentença mais longa é a mesma sentença mais curta em minha vida
Eu já perdi a conta, eu já perdi o encadeamento do que se segue há muito tempo
Por favor, não pense nada a respeito
Não diga nada a respeito
Guarde depois de ler.