Guarde depois de ler

À margem da vida que se sonha

À margem da coleção de não afetos

Quebra-se numa raridade quase nua de vontades

Desejos que explodem com a sensibilidade

Querer e não querer cansa e até machuca

O melhor é parar de decifrar

O mundo que eu quero viver é chato

Absolutamente tudo me causa negação

E eu não sei o que estou a dizer de verdade

Os momentos livres são aqueles que não são esperados

Se o que tenho que fazer é esquecer

Fecho os olhos para ver

Embargada em minha solidão

Eu desço mais a fundo para suportar

Encontrando o que possa interessar

Falando sobre coisas que possam não interessar a quem desfruta qualquer coisa

Eu, apenas eu não posso salvar a bagunça que sempre esteve latente

Se com uma mão agarro, com a outra deixo ir

O abismo gosta de mim e eu gosto muito dele

O final da linha pode ser aqui, mas eu não sei até onde devo chegar

Num choro que dura o tempo que for

Todas as repostas podem ser

Mesmo que eu queira pular para fora de mim

A tristeza não humilha as tentativas de transcender

O fracasso pondera sobre a vergonha inominável

Com tudo o que vejo, com tudo o sinto, com tudo o que não é meu

Eu não gostaria de ser outra pessoa a não ser eu mesma.

Desta vez, pela primeira vez, isto é real.

Fim

Que volta novamente repetidas vezes sem fim e sem sim, a vida continua sem nada ao meu lado

A sentença mais longa é a mesma sentença mais curta em minha vida

Eu já perdi a conta, eu já perdi o encadeamento do que se segue há muito tempo

Por favor, não pense nada a respeito

Não diga nada a respeito

Guarde depois de ler.

Nina V Vicente
Enviado por Nina V Vicente em 04/02/2018
Código do texto: T6245145
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