O herdeiro
Sempre a mesma velha casa
com portas, janelas e paredes de madeira,
no ar aquele perfume inconfundível,
o cheiro conhecido da comida caseira.
Pelos quartos descobrimos mundos distintos,
cada aposento é o reflexo de quem vive ali dentro,
tem os que deixam tudo arrumado,
tem os que são mui bagunceiros.
À noite, ao apagar das luzes, pelos corredores
ouvimos os roncos dos adultos e as queixas das crianças,
Elas se lamentam porque não podem brincar mais um pouco,
devem fazer silêncio em respeito à vizinhança.
Mas, na hora em que o sol desponta, as coisas se invertem,
as reclamações vêm dos adultos porque ninguém acorda,
as crianças que cochichavam durante a madrugada
agora dormem como se estivessem mortas.
Somente em dia de passeio fora da cidade,
todo mundo se levanta no horário combinado,
tudo bem que alguns vão dormindo pelo caminho,
mas chegando lá todos se divertem pra diabo!
Exceto João, o filho mais velho,
por algum motivo ele está sempre entediado,
prefere, mil vezes, a solidão do deserto,
do que passar com a família o feriado.
(afilosofiadopoeta.blogspot.com.br)