CAMPANÁRIO

Os sinos repicaram no alto da torre

Um arauto desconhecido sobre a cidade

O quê os sinos anunciavam ninguém sabia

Morte, vida, nada, o mesmo basal de sempre.

Todos saíram às ruas com o tilintar do campanário

Os pássaros saíram em revoada mesmo sendo crepúsculo

As folhas silenciaram seu ciciar na brisa morna

Os sapos calaram seu coaxar ritmado chamando as estrelas

As flores abriram suas pétalas curiosas

As águas inverteram sua correnteza para passarem

Sob a ponte perto da igreja outra vez.

O sol estagnou sua descida no ocaso junto à lua em ascensão

Numa disputa, não chegou o fim do dia de fato

Nem se iniciou a noite, todos absolutamente todos

Queriam saber o que os sinos do campanário

Gritavam naquele tempo parado sem ser hora de missa

Ou mesmo hora fechada para tocarem os sinos

Nem filho de rei sequer havia para nascer.

Longe, o padre, de férias. Na Casa de Deus

Nenhuma vivalma estava ou habitava. Anjos?

Ninguém soube o porquê de os sinos reverberarem,

Um mistério eterno deste campanário estático.