Arreia!
De deus a anjo renegado do céu,
meu movimento catártico sem fim,
meu remorso rasgando o peito,
fazendo pirraça com o coração malacostumado.
O vai-e-vem da rede interrompido,
abalado por tantos terremotos,
pôs um fim ao sonho.
Era tudo tão puro e ingênuo,
mas o tapa na cara que o mundão dá
é água fria na cara de bêbado,
café forte sem açúcar bem quente.
Nem um beijo doce
de eu-te-amo serve mais;
meia hora de sexo pago com puta
faz-me-rir.
Me faz é chorar,
querer dar tapa na cara desse mundão safado.
Mundão filho-da-puta
que nem filho de puta tem direito de ser.
É, agora é assim:
peito aberto pronto p’ra tomar facada
e cabeça baixa p’ra ver onde pisa.
Mas a vontade é de mandar à merda
e voltar p’r’o vai-e-vem.
Com leite na mamadeira
e sair p’r’o mundão.
Não p’ra tomar tapa na cara,
mas p’ra empinar pipa
e rodar pião.