Arreia!

De deus a anjo renegado do céu,

meu movimento catártico sem fim,

meu remorso rasgando o peito,

fazendo pirraça com o coração malacostumado.

O vai-e-vem da rede interrompido,

abalado por tantos terremotos,

pôs um fim ao sonho.

Era tudo tão puro e ingênuo,

mas o tapa na cara que o mundão dá

é água fria na cara de bêbado,

café forte sem açúcar bem quente.

Nem um beijo doce

de eu-te-amo serve mais;

meia hora de sexo pago com puta

faz-me-rir.

Me faz é chorar,

querer dar tapa na cara desse mundão safado.

Mundão filho-da-puta

que nem filho de puta tem direito de ser.

É, agora é assim:

peito aberto pronto p’ra tomar facada

e cabeça baixa p’ra ver onde pisa.

Mas a vontade é de mandar à merda

e voltar p’r’o vai-e-vem.

Com leite na mamadeira

e sair p’r’o mundão.

Não p’ra tomar tapa na cara,

mas p’ra empinar pipa

e rodar pião.

melão
Enviado por melão em 27/08/2007
Reeditado em 29/02/2008
Código do texto: T625402