FICAR... não por falta de rumo...

Não por falta de um rumo

mas de uma fome de entender

- Ficar -

o estar-se onde se está

e o possível de um destino

que seja só o aqui e agora.

E então...

____________________Ficar

Não olhes agora!

Se olhares, disfarça!

Vai aqui a passar o tempo!

Mais que próprio: o tempo!

Podes sempre fazer de conta

que não reparas nele;

sobretudo, faz por fingir

que não te afecta

como se fosse indiferente

o seu passar, insinuante,

por ti.

Os "espertos" dirão

que se assuma

o sociológicamente correcto

na atitude adulta, pragmática

e prenhe de orgulho

pelo declínio de viver

até ao poente.

.

Pessoalmente,

eu sei que te exaures

paulatinamente, como eu

e tudo mais que é vivo.

.

Oh ser pulsante.

Tudo isso é análogo e decorre

do continuo e digno revolver

e desterroar do solo.

.

Acho que é suposto

ser gracioso e sereno

esse fluir da vida

em terra fresca

e o dimanar de linhas d’água

para proveito de todos

e dos lírios,

em campos benignos

e sempre afagados pela luz

de todas as auroras.

.

É, assim, magnífica

a alquimia de renascer,

e a sublimação operante

de mansos declínios.

.

No rosto, sulcos arados

na intensidade da existência,

pelo pressuposto quente

de um horizonte a vislumbrar-se

com um sorriso conjurado

mas casual e a significar:

“Tem-se vivido, sim...

de resto, vale a pena”!

.

O tempo a passar aqui,

por nós. E que passe!

De um ou outro modo

este estar por cá, bonito,

é o que nos retém.

Como tal... esteja-se bem.

E o tempo que passe.

Boa viagem!

Bons ventos!

______________________LuMe

Luis Melo

Luis Melo
Enviado por Luis Melo em 15/02/2018
Código do texto: T6254704
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