Novas letras de desolação

Pelos raios de sol que irrompem as frestas da minha cortina transparente, sinto queimar minha pele vadia.

Amanheço com o dia;

mas permito-me seguir sonhando teu cheiro.

Todas as coisas que escreveu em meu corpo

com teus dedos macios, com teu jeito torto,

releio sozinho e me pego sem jeito

descrevendo minha alma em rotos esboços.

Todos os poemas que ensaiou no meu ouvido,

ora os ouço sem nem te escutar.

Penitente em sulcos de uma embarcação triste

Navego tocando os teu seios firmes.

No frio sopro do vazio

No amargar do sabor de nada

Avisto a loba impávida e mirrada

Do pecado que vindica em cantos novos

Me perdi nas horas do agora,

quero calar e calado ficar.

Quero sentir você me queimar

Descansar em teu seio, me perder no lagar

de teus olhos pequenos que gritam-me o mundo.

Sentir na epiderme o mistério do fundo.

Eduardo G Silva
Enviado por Eduardo G Silva em 16/02/2018
Código do texto: T6255254
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